Tecnologia Assistiva – A falta de capacitação cria diversos obstáculos à inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Para mudar essa realidade, muitas corporações estão formando seus empregados.
O #blogVencerLimites conversou com funcionários da TIM Brasil que, apoiados, evoluíram junto com a companhia. É a aposta na inclusão para fortalecer a equipe e aumentar as vendas.
Fernando Sartori é formado em engenharia elétrica com ênfase em eletrônica e trabalha na TIM Brasil desde 2002. Começou como terceirizado e atualmente ocupa o cargo de gerente sênior da área de redes. Seis anos atrás foi diagnosticado com otosclerose, condição genética que provoca perda gradual da audição. Hoje tem capacidade auditiva somente no ouvido direito e usa um aparelho, comprado com ajuda da empresa.
“A deficiência auditiva traz pequenas dificuldades, principalmente em reuniões. Por isso, fico em posições que me ajudem”, diz Sartori.
A deficiência auditiva também não impediu a evolução de Gabriela Paiva, gerente executiva da área comercial da TIM. Ela perdeu 100% da audição de um dos ouvidos aos seis anos, após uma caxumba.
Sua primeira função foi de vendedora em uma loja no interior de Minas Gerais, 17 anos atrás. O estabelecimento fechou um ano depois e ela foi indicada para participar de um processo interno na área de atendimento ao cliente. Gabriela não conseguiu a vaga por causa a restrição auditiva, mas recebeu oferta para trabalhar em outra cidade, também em uma loja.
“Essa mudança foi decisiva para que eu conseguisse seguir na área comercial”, diz Gabriela. Ela se formou em Direito e comanda, a partir da sede da empresa no Rio de Janeiro, as vendas em 154 lojas da operadora no País. “Essa limitação exige mais atenção da minha parte, principalmente em reuniões, mas não atrapalha em nada o meu trabalho”, diz.
É fato que a falta de acesso à educação por questões financeiras e pela ausência de recursos de acessibilidade em escolas e universidades limita as possibilidades de evolução profissional para pessoas com deficiência, mas apostar na inclusão para fortalecer a equipe e ampliar as vendas mostra resultados, estratégia que tem sido colocada em prática no mercado corporativo para captar talentos que poderiam ficar no anonimato. E uma prática fundamental nas companhias genuinamente inclusivas é o investimento da formação dos empregados.
“Não temos vagas específicas para pessoas com deficiência. Esses candidatos podem concorrer a todas as oportunidades, em qualquer área ou cargo. O funcionário é parte do negócio, está na companhia para ser integrado, respeitado e cobrado como todos os colaboradores”, diz Régia Barbosa, diretora de gestão de RH da TIM Brasil.
Régia explica que a companhia tem políticas internas para promover inclusão, acessibilidade e diversidade, a partir da comunicação com os colaboradores, recebendo críticas e sugestões.
“Esse canal já trouxe importantes retornos que resultaram em alterações estruturais na empresa. No processo seletivo, perguntamos ao candidato como melhorar sua adaptação ao ambiente de trabalho. Estamos finalizando uma nova campanha interna que reforça a diversidade na companhia e a integração. Um ambiente acessível também passa pelas relações humanas e a empresa tem responsabilidade nisso”, comenta a diretora.
“A comunicação para trazer esse profissional tem de ser direta, sem melindres e sem medo de ofender. As associações que atendem pessoas com deficiência precisam incentivar e procurar as empresas para estabelecer parcerias. Características como dedicação, proatividade, criatividade, inovação e liderança não são limitadas pela deficiência”, defende Gabriela Paiva.
“A deficiência deve ter o menor impacto possível na atividade. Na área de redes, onde eu atuo, funções de manutenção em campo não podem, pode exemplo, ser executadas por um cadeirante. Se existir essa preocupação na hora do processo seletivo, a avaliação será a mesma de um colaborador sem deficiência”, afirma Fernando Sartori.
A diretora de RH da TIM ressalta que existem dificuldades para contratar pessoas com deficiência em determinadas funções porque não aparecem candidatos com a capacitação necessária. “Por isso desenvolvemos esses profissionais dentro da companhia e incentivamos a inscrição de jovens aprendizes com deficiência em nosso programa de estágio”, comenta Régia Barbosa.
Flexibilidade – Desde o ano passado, a TIM adotou em sua sede um programa de ‘Flex Office’, para pessoas com deficiência ou não trabalharem a partir de qualquer local, inclusive de casa, até dois dias por semana. E também o ‘Flex Time’, no qual o funcionário cumpre oito horas por dia, mas pode adaptar seu horário de chegada ou saída.
“Esse tipo de programa auxilia bastante na rotina de trabalho. Mantemos contato com os gestores para eles compreenderem que seus colaboradores, em algumas ocasiões, vão precisar se ausentar ou trabalhar em horário diferenciado, mas isso não é um problema na companhia. Temos muito apoio dos funcionários, inclusive dos líderes”, destaca a diretora.
Instituto TIM – A empresa promove o desenvolvimento humano e o direito à educação inclusiva, especialmente em ciências e matemática, criando recursos e estratégias de ensino. Um exemplo é a Bateria do Instituto TIM, que reúne crianças e jovens com deficiência.
“Ela não se restringe a esse público, já que a proposta é justamente promover a integração e fazer com que todos possam conviver e aprender juntos. O mesmo acontece quando um funcionário com deficiência integra o quadro de funcionários, uma vez que as vagas não são exclusivas. Todos interagem e recebem oportunidades iguais de crescimento na empresa”, explica Régia Barbosa.
Mercado de trabalho – “É pouco divulgado pelas empresas, mas também pouco procurado pelas pessoas com deficiência. Muitas vezes a pessoa, de forma equivocada, já se coloca em posição inferior”, lembra Gabriela Paiva.
“Existem mais oportunidades porque agora temos políticas públicas de incentivo à inclusão de pessoas com deficiência. O acesso está mais fácil”, conclui Fernando Sartori.