Eles vêm de todas as regiões da cidade, principalmente dos bairros Núcleo Geisel, Mary Dota, Santa Edwirges, José Regino e Pousada da Esperança 1 e 2, em busca de atendimento gratuito, de qualidade e ofertado principalmente à pessoa com deficiência. Atualmente, 70,7% dos pacientes atendidos pela Sorri são moradores de 315 bairros de Bauru.
Localizada no Núcleo Habitacional Presidente Geisel, a entidade foi fundada pelo pesquisador americano Thomas Ferran Frist, durante reunião entre amigos e empresários de Bauru, e completou 41 anos em setembro de 2017.
Foi a primeira instituição no Brasil a tratar sobre a reabilitação profissional da pessoa com deficiência, abrindo caminhos para a independência e emancipação delas.
“Começamos com 6 pacientes. E, aos 41 anos de história, somamos mais de 41 mil pessoas atendidas”, ressalta a diretora executiva da Sorri Maria Elisabete Nardi.
O Presidente da entidade há décadas João Carlos de Almeida, o João Bidu, lembra, contudo, que os últimos três anos foram os mais difíceis da história. Diante dos impactos da crise econômica, a Sorri viu seu orçamento, a maior parte oriundo de convênios com o governo, diminuir.
No auge, a instituição chegou a abranger mais de 60 cidades. Atualmente, atende 18, além de Bauru. “Essa verba antiga do SUS acabou e fomos obrigados dispensar funcionários. Com isso, a fila de atendimentos aumentou, infelizmente”, cita João Bidu.
Mas com a ajuda de empresas, da população e de clubes de serviços na cidade, a instituição tem dado a volta por cima e, inclusive, expandido alguns serviços.
Passou a ofertar, recentemente, por exemplo, cursos profissionalizantes para pessoas com e também sem deficiência, consideradas em situação de vulnerabilidade e risco.
A SORRI
O Centro Especializado em Reabilitação (CER) Sorri Bauru está organizado em quatro grandes setores: o Núcleo de Reabilitação, o Núcleo Integrado de Pesquisa Desenvolvimento, Fabricação e Dispensação de Tecnologia Assistivas e Produtos Especiais, o Núcleo de Apoio à Gestão e o Núcleo de Pesquisa Científica e Capacitação.
No CER, estão as equipes que cuidam da reabilitação de pessoas com deficiências físicas, intelectuais, auditivas e múltiplas. E também o ambulatório de tecnologia assistiva, que realiza a entrega de órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção e outros equipamentos, produzidos, inclusive pela própria entidade (veja mais no quadro).
A porta de entrada para os atendimentos ocorre por meio de demandas dirigidas, oriundas das Secretarias Municipais de Saúde, da Secretaria Municipal de Educação de Bauru e da Secretaria Municipal do Bem-Estar Social (Sebes).
Os convênios firmados são com o Ministério da Saúde, Sistema Único de Saúde (SUS) e Sistema Único de Assistência Social (Suas).
PELA CIDADE…
A Sorri também é responsável pelo gerenciamento de 11 equipes, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e dentistas, que atuam nas Unidades de Saúde da Família (USF) espalhadas por Bauru.
Sorri abraça usuários de toda a região
Entidade atendeu 4,3 mil pacientes em 2017: 3.043 usuários de Bauru e demais de municípios vizinhos que vêm em busca de assistência.
Moradora do Núcleo José Regino há cerca de uma década, a família de André Luiz da Ferrari da Silva, 12 anos, firmou raízes no bairro, o qual não espera deixar tão cedo. O motivo tem nome e endereço na vizinhança: a Sorri. A menos de cinco minutos da casa dos Ferrari Silva, a instituição é o braço direito na vida e formação de André, que frequenta o local desde o primeiro ano de vida, após ser diagnosticado com a Síndrome de Proteus, que causa, entre outros problemas, o crescimento exagerado e patológico da pele, com tumores subcutâneos.
“Ele perdeu metade do pé por causa do problema e usa palmilhas especiais para ajudar no equilíbrio. Também faz fono, passa por psicólogos e terapeutas ocupacionais uma vez na semana. Nunca mudamos de bairro por causa da Sorri”, ressalta a manicure Fernanda Alves da Silva, 36 anos, mãe de André.
Assim como ele, outras centenas de crianças e adolescentes, além de adultos e idosos frequentam semanalmente os atendimentos oferecidos pela instituição. Em 2017, 4,3 mil pacientes foram atendidos em um total de 166 mil consultas.
Deste total, 3.043 eram moradores de Bauru e o restante formado por pessoas de municípios vizinhos, que buscam na Sorri a oportunidade de superar os obstáculos impostos por algumas patologias.
IMPORTÂNCIA
O sorriso estampado no rosto da pequena Samira Cristina Pereira, de 3 anos, resume a importância do serviço e a ansiedade dela pelo que está por vir. Nos próximos 20 dias, Samira ganhará uma órtese para corrigir um equinismo idiopático, que causa o caminhar por meio da ponta dos pés.
“Com a prótese, ela terá uma vida melhor. Tínhamos medo de ela ter algum problema mais grave por causa do encurtamento do tendão que o andar dessa forma causa”, comenta a mãe dela, a do lar Leni de Fátima da Silva, de 36 anos.
APRENDENDO A FALAR
Breno Maicon Teixeira, de 5 anos, mora um pouco mais longe da Sorri, em Guaianás, distrito de Pederneiras, mas foi no Núcleo Geisel, em Bauru, que ele aprendeu a falar suas primeiras palavras, depois que começou a frequentar a fisioterapia e terapia ocupacional da entidade.
“A paralisia cerebral foi causada por falta de oxigenação no parto. Depois da Sorri, ele aprendeu a pegar as coisas e já começou a arranhar algumas palavras”, cita a do lar Greicelei Teixeira, de 32 anos, mãe de Breno.
VOLTANDO A OUVIR
De volta a Bauru, a moradora do Santa Luzia, Isadora de Cássia dos Reis, de 9 anos, passou a frequentar a Sorri no ano passado, depois que foi diagnosticada com surdez de graus leve e moderado. “Ela tinha dificuldade no aprendizado, ficava nervosa porque não ouvia direito o que as pessoas falavam e trocava algumas letras”, comenta a mãe dela, a do lar Edna Maria dos Reis, 43 anos. “O diagnóstico não apontou a causa, o médico chegou a cogitar que poderia ter acontecido por causa de uma infecção que ela teve no ouvido”, completa.
De três em três meses, a garota tem frequentado o setor de audiologia e, agora, aguarda o recebimento de um aparelho com o chamado Sistema FM, que possui uma lapela acoplada e permitirá, por exemplo, que ela identifique melhor a fala do professor dentro da sala de aula.
Fonte> Jcnet