“Arte é um conceito que não conseguimos definir totalmente. Porque na experiência artística, seja na produção da obra de arte, seja na recepção dela, sempre existe algo que nós não conseguimos traduzir em palavras, algo que é inefável. ” (Ferdinando Martins)
A arte é uma forma de comunicação entre pessoas e os povos, sendo fundamental para a construção da identidade individual e coletiva. Para o escritor e jornalista Ernest Fischer, “a arte é tão antiga quanto o homem” e é produzida, acima de tudo, por uma necessidade de expressão. Por uma construção de diálogos que transcende a fala ou a escuta. É através dela que o sentir é comunicada.
Para além da expressão, a arte é um instrumento de inclusão social e de formação cultural e social dos indivíduos. E, apesar da sua importância instrumental, o circuito cultural ainda é inacessível para 24% dos brasileiros.
A arte e a cultura são direitos garantidos pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que faz parte da Constituição Federal. Porém, a falta de espaços culturais com acessibilidade, boas iniciativas públicas e privadas, e desinformação, dificultam o acesso e a produção das pessoas com deficiência. Assim, grande parte da parcela de pessoas com deficiência encontram limitações que as impedem de se engajar culturalmente e contribui diretamente para a sua segregação cultural.
Afinal, a criação e o desenvolvimento de políticas públicas, o investimento em acessibilidade e o consumo das produções dos artistas com deficiência são formas de democratizar o circuito cultural.
Quantos artistas com deficiência você conhece, acompanha ou investe? Pensando nisso, preparamos uma lista com artistas brasileiros para você conhecer:
É um pintor profissional que utiliza os pés para transformar telas brancas em verdadeiras obras de arte. Nascido em São José dos Campos, SP, o artista perdeu a coordenação motora dos membros superiores e teve a fala parcialmente afetada por conta de falta de oxigênio no cérebro, no momento do seu nascimento.
Conforme surgiram os primeiros rabiscos aos 8 anos, aprendeu a utilizar os pés para realizar as suas atividades básicas. Assim, se tornou artista plástico profissional aos 20 anos. Suas obras retratam, principalmente, emoções humanas, com composições sobre abraços, sorrisos e pessoas.
A arte na vida de Ronaldo Cupertino surgiu após um acidente sofrido ao mergulhar nas águas rasas de um riacho. Ronaldo ficou tetraplégico, em 1992. Depois de alguns anos ele começou a pintar e escrever com a boca e não parou mais. Assim, Ronaldo se inspira nas formas da natureza e na utilização de cores em tinta para criar as suas obras.
Emílio é escritor e cientista e já publicou 74 livros e escreveu outros 76. O autor tem paralisia cerebral, causada por uma asfixia durante o parto. O seu primeiro livro – um compilado com 56 poesias românticas – foi publicado quando tinha 16 anos.
Assim, o autor ainda atua como dramaturgo, onde escreve peças para o teatro, roteiros para cinema e televisão. Além da arte, Emílio possui graduação em Jornalismo, Psicologia e Teologia. Além disso, o artista é professor e conferencista de pós-graduação em temas que atravessam a Psicologia e a Educação Inclusiva, oferecendo treinamentos online para professores.
O banco da praça (de Emílio Figueira)
Sentado no banco da praça,
vejo pessoas a caminhar
se mãos dadas,
crianças a correr,
novos amores a nascer,
pessoas rindo,
contemplando o anoitecer.
Flores perfumadas,
árvores balançando,
a fonte com música a tocar
nos rostos a caminhar.
Tudo isso na praça,
bela noite de Domingo,
onde tudo é fascínio.
Escritor e poeta, Arleandro (foto de destaque deste artigo) possui paralisia cerebral, e utiliza, desde 2019, o teclado inteligente multifuncional da TiX para escrever suas poesias, pensamentos e reflexões. Assim, a sua obra está publicada no blog poetaleo.wordpress.com, onde o escritor fala sobre a própria vida, liberdade, fé, amor e esperança.
E a gente vai (de Arleandro Alberto)
O tempo passa às vezes rápido, outras vezes passa lento e a gente não percebe.
Assim deixamos de beijar os nossos pais, deixamos de abraçar os amigos e deixamos de declarar para aquela pessoa esperando o amanhã.
O amanhã e só uma ilusão, somos e fazemos o hoje, por isso temos que aproveitar agora porque depois será tarde demais.
Nascido sem os dois braços, Daniel enfrentou muitas dificuldades enquanto crescia. Hoje, artista plástico, utiliza sua boca e pés para produzir quadros belíssimos. Além de pintar, o artista também ministra palestras e empresta suas obras para exposições.
Assim, Daniel se interessou pela arte através das aulas de arte na escola e, aos 10 anos, fez seu primeiro quadro. Mora e trabalha na Zona Leste de São Paulo e desde os 17 anos faz parte da Associação dos Pintores com a Boca e os Pés.
O paulista Gonçalo Borges é artista plástico, professor e palestrante. Quando criança, gostava muito de brincar na rua e fazia amigos com facilidade. Foi também nessa época que começou a pintar e desenhar na rua utilizando seus pés e sua boca. Portanto, aos oito anos, ingressou a AACD e lá desenvolveu suas habilidades de pintura e desenho. Além disso, o artista participou de diversos concursos de desenho em campanhas educativas, ganhando até mesmo um prêmio da UNICEF.
Aos 17 anos, ingressou à Associação dos Pintores com a Boca e os Pés como bolsista para estudar pintura e desenho. Formou-se em Comunicação Social e trabalhou também como design para agências de publicidade. Posteriormente, em 2000, tornou-se membro da Associação e tem seus desenhos estampados em cartões de natal até hoje, além de quadros maravilhosos. Aliás, Gonçalo Borges tem um site onde divide suas obras, palestras e, inclusive, um livro autobiográfico – Vencendo com Arte.