Capacitismo é a tradução brasileira para o termo da língua inglesa: ableism. Mas, na prática, o que significa capacitismo?
No Brasil e no mundo, tudo que foge ao que é dito como o “normal” pode sofrer preconceito e discriminação. As pessoas que fogem desse padrão de normalidade costumam ser invisibilizadas. Podendo se tornar praticamente inexistentes para a sociedade, ou são marginalizadas e não aceitas nos espaços sociais, seja de maneira óbvia e transparente ou de forma velada e não explícita. Infelizmente, para as pessoas com deficiência (PcDs), isso não é diferente. E é disso que se trata o capacitismo.
Alguns estudiosos afirmam que o preconceito contra pessoas com deficiência vem do que chamam de ‘corponormatividade’. Isso significa que a sociedade tem uma norma de como deve ser o corpo das pessoas e, de certa forma, não tolera a diversidade corporal que existe na realidade. O capacitismo significa, então, diminuir e discriminar a pessoa com deficiência por conta de uma condição e característica dela que não vai de acordo com a ‘coroponormatividade’.
A discriminação das pessoas com deficiência, ou seja, o capacitismo, é, inclusive punida por lei. A Lei Brasileira de Inclusão, instituída em 2016, define no art. 4 que “toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação”. Discriminar, portanto, pode gerar multas e até mesmo levar à prisão.
Capacitismo na sociedade
Apesar de ser e parecer algo de grandes proporções, o capacitismo está, também, em ações bastante simples, mas que podem ofender a pessoa com deficiência. Por exemplo: quando você encontra uma pessoa cega fazendo alguma atividade e logo conclui que ela precisa de ajuda, sem antes mesmo perguntá-la se ela necessita, isso é capacitismo. Mesmo que não de maneira óbvia, mas indiretamente, essa ação diz que aquela pessoa é incapaz de realizar algo sozinha. Na dúvida, sempre pergunte.
Como já falamos antes, a base do capacitismo está em considerar a deficiência da pessoa como algo que a define por completo e a impede de viver em sociedade. Mas não é bem assim. Na verdade, a deficiência é apenas uma característica da pessoa, entre todas as outras que ela tem, e que a faz experimentar o mundo de uma forma diferente.
Inclusão x Assistencialismo
Tudo isso levanta a reflexão sobre a inclusão da pessoa com deficiência nas esferas da sociedade. Veja, tratar de inclusão é diferente de assistencialismo. Assistencialismo está muito relacionado com a visão médica da deficiência de que as PcDs precisam ser curadas e “livradas do mal”.
O que as pessoas com deficiência querem é poder viver com autonomia e experimentar igualmente o que para uma pessoa sem deficiência é comum. A sociedade deve, então, buscar não só integrar e dar assistência para essas pessoas, mas incluir e universalizar o acesso delas à vida pública e privada.
Fontes:
http://www.scielo.br/pdf/csc/v21n10/1413-8123-csc-21-10-3265.pdf
https://medium.com/@sidneyandrade23/capacitismo-o-que-%C3%A9-onde-vive-como-se-reproduz-5f68c5fdf73e
https://www.deficienteciente.com.br/deficiencia-e-questao-do.html